Um segundo...
Um breve momento de pacifismo espiritual.
Uma corrente de ar fria que me gela os dedos calejados.
Não os consigo mexer.
Mas sinto-as!
Sinto as agitadas sombras.
As mais inexperadas manchas negras vindas da clara luz por cima do alto muro que separa a perfeição do pecado.
Um segundo...
e BUM!
Um feixe de luz vermelha vinda da mesma fonte cai sobre os pecadores incinerando-os e deixando apenas...mais sombras.
Quando não restava vida dos que outrora praguejavam pecado sobre a Terra, o muro cai, e numa enorme explosão a luz clara desaparece.
Nesse instante, a corrente de ar fria acalma, até que desaparece.
Ergui o rosto ao céu e fechei os olhos.
Sentia o calor dos primeiros raios de sol a brotar por detrás das cinzentas nuvens.
Meus trêmulos dedos ganhavam de novo vida.
Abri os olhos e tudo ganhara côr.
As sombras, lentamente, clareavam e desapareciam à medida que os raios de luz atravessavam a escuridão em direcção ao paraíso.
Incredulos, avançavam agora sobre a Terra os curiosos rostos pálidos.
Tudo era verde e azul.
Tudo era vida.
Mas todavia, uma dúvida pairava em cada alma que presenciara A Vida.
"Se Deus nos fez, por que se desfez ele de nós?"
De: André Brandão
domingo, 31 de agosto de 2008
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