quinta-feira, 26 de março de 2009

Sonhos não nêm forma

Eras a marezia e eu pintava-te do parapeito da janela.
Eras o nevoeiro matinal.
Eras tudo o que tinha na minha tela
Gotas de água que brilhavam como cristal.

Tentei desenhar uma nuvem
Tentei ver-te nela
Era uma nuvem sem forma
Um espelho que não reflectia

Acordei tarde para o trabalho
Larguei a ilusão e lavei a cara
Levantei a cabeça e olhei em frente...

Afinal, ainda te consigo ver no espelho...
Afinal, ainda não acordei.


De: André Brandão

sexta-feira, 20 de março de 2009

Dias das nossas vidas

Como ficam os quartos quando saímos?
Como ficam as velas quando se apagam?

O que fizeram das pessoas que me costumavam pegar ao colo?
Onde foram todos aqueles rostos curiosos, sorrisos falsos, omitindo a realidade da vida?
Iremos ver amanha o mesmo céu de hoje?
Por que é que temos o mesmo destino, mas seguimos sempre caminhos opostos?
Haverá espaço para todos os momentos de hoje, assim como há espaço para os de ontem?
Chega pedir "por favor", quando somos atraiçoados pela dor?
Que mais haverá para dizer, quando o pensamento falecer em fadiga?

Trouxe comigo uma vida
Mas não a ouso usar
Apenas espero sentado
Que a morte a venha buscar

Li paginas e paginas do meu pensamento
Mas parei a olhar no último capitulo
A vermelho cor de sangue o titulo:
"Minha vida é apenas vento".


De: André Brandão